sexta-feira, 29 de agosto de 2008

"Senhora Robinson, você está tentando me seduzir, não está?"

Minha grande referência artística venho pelo meu Tio Ovídio. Era um pintor de mão cheia, moderno e antenado. Quando pequena, eu passava os fins de semana na casa da Vó Ci, uma louquinha de bom coração. No cardápio de fim de semana, constava pedir Hambúrguer no Foade (Lanchonete embaixo do apartamento dela), ver filme da Dercy Gonçalves e falar palavrão. Como este tio não cozinhava nada, aos sábados, ele visitava a mãe. Então neste tempo meu tio contava os filmes que tinha visto.

Na verdade, tudo começou quando resolvi ver “A Primeira Noite de um Homem”. A trilha e o fim aberto me fizeram surtar. No sábado, lá fui eu contar: "Tio, vi ‘A Primeira Noite de um Homem’”. Ele riu e disse que os amigos o achavam parecido com Dustin Hoffman. E era, viu? Fico devendo uma foto dele para vocês. Comentamos da maravilhosa Anne Bancroft e como ela seduz Benjamim.
Meu tio viveu os anos 60 intensamente e viu tudo que podia. Aí, um dia passou uma propaganda de “Blow up” e tentei assistir. Para falar a verdade não tive paciência de assisti-lo inteiro e só vi a cena final do jogo de tênis. Ele contou-me em detalhes o filme e como o fotógrafo cresce com o sofrimento e deixa arrogância de lado.
Cá entre nós, meu tio era um amor, mais também tinha seus ataques de arrogante. Para mim ele se viu muito no David Hemmings e apesar de deixar as modelos o esperando, era enganado facilmente.
Há dois filmes que ainda estou devendo ver para ele: "Uma Mulher Descasada" que mostra Jill Clayburgh sendo descartada pelo marido e seu processo libertário. E mais uma vez, ele contou-me a história minuciosamente, disse de
uma cena em que mostra depois de uma transa com um artista, a Jill sai com um quadro de presente. E "Positivamente Millie" que tentei ver mais achei muito bobinho.
A lição que tive com este tio é assistir ao filme com profundidade e mais, aprender a lição do personagem e que a vida nem sempre é como programamos.

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