segunda-feira, 7 de maio de 2012

Entendendo a Salvaguarda

Bom como ando em meio a livros de Jancis Robinson, Hugh Johnson, Manoel Beato não poderia deixar este momento de polêmica no meio sommelier. Não sou grande entendedora de política, mais sobre a Salvaguarda não poderia me calar.

Vinhos-qualidades
Vinhos-qualidadesTudo começou numa Festa da Uva no Rio Grande do Sul. Lá os produtores pediram à Presidente Dilma que nosso vinho brasileiro seja mais valorizado. A medida preguiçosa tomada foi fácil: aumentar os impostos de vinhos importados, ou seja, vinhos italianos, franceses, chilenos ficarão muito mais caros.

O meio sommelier entrou em conflito. Alguns chefs retiram vinhos nacionais de seu cardápios, entre eles, Alex Atala e Roberta Sudbrack.  Esta aliás, super engajada, realizou um abaixo-assinado e pesquisou sobre as vinícolas envolvidas na vergonhosa manobra do governo. O mesmo burburinho aconteceu no Expovinis, quando a Ibravinis fez um botton verde com os dizeres: “Eu digo sim aos vinhos do Brasil”. Enquanto isso, algumas pessoas andavam com faixas negras no braço: “Sou contra a salvaguarda”, distribuída pela importadora Ravin.

O grande conhecedor de vinhos Luiz Horta deixou um desabafo em seu facebook:

“Antes de viajar preciso escrever algo que tem me incomodado na20110819-Vinsobres - Ban des história das salvaguardas. Produtor de vinho brasileiro não é bandido, nem o vinho nacional é intragável. O que vi no Sul foram famílias, na sua quarta geração de colonos italianos que construíram cantinas e conseguiram, muitas vezes contra a vontade dos mais velhos, erradicar híbridas e plantar uvas finas, investir e fazer vinhos, primeiro bons, atualmente de nível médio e alto.

Sou contra aumento de preço de vinhos, quaisquer vinhos, e quem gosta de imposto é o governo e os que lucram com sua sombra. No Paladar de amanhã minha posição está esclarecida de modo bem claro.”

20120328-172328

Aqui vão umas ideias, talvez infantis por não ser uma grande mestra do assunto.

  • Auxiliar e dar infraestrutura para produtores e divulgar nos próprios produtores de vinícolas.
  • Ajudar a valorizar o vinho sulista em grandes centros. Como fazer uma parceira com o Club dos Sommeliers do Grupo Pão de Açúcar, deixando lado a lado com vinhos franceses, italianos.

Ao que tudo indica as Salvaguardas vigorarão em Junho. Estão livres dos impostos apenas os vinhos de Argentina e Uruguai, pois fazem parte do Mercosul. Enquanto isso as vinícolas Gaúchas serão malvistas em vez de conseguirmos o contrário. E quem gosta de vinho mesmo continuará comprando seus vinhos importados.

Um comentário:

Doze disse...

Talvez a solução seja mais simples: diminuir os impostos dos nacionais.
54% é um absurdo, e ainda tem todos os impostos e taxas e contribuições sob contribuições que existem em todos os produtos do Brasil.

* O governo auxiliar a infra-estrutura das vinículas é um caminho, mas, com impostos bem mais baixos, seria tão fácil investir que nem seria preciso auxílio oficial.
* A parceiria com as grandes redes é uma boa, os sindicatos e associações poderiam realmente investir nisso..

Muito bom o texto, Danusa \o