Bom como ando em meio a livros de Jancis Robinson, Hugh Johnson, Manoel Beato não poderia deixar este momento de polêmica no meio sommelier. Não sou grande entendedora de política, mais sobre a Salvaguarda não poderia me calar.
Vinhos-qualidades
Tudo começou numa Festa da Uva no Rio Grande do Sul. Lá os produtores pediram à Presidente Dilma que nosso vinho brasileiro seja mais valorizado. A medida preguiçosa tomada foi fácil: aumentar os impostos de vinhos importados, ou seja, vinhos italianos, franceses, chilenos ficarão muito mais caros.
O meio sommelier entrou em conflito. Alguns chefs retiram vinhos nacionais de seu cardápios, entre eles, Alex Atala e Roberta Sudbrack. Esta aliás, super engajada, realizou um abaixo-assinado e pesquisou sobre as vinícolas envolvidas na vergonhosa manobra do governo. O mesmo burburinho aconteceu no Expovinis, quando a Ibravinis fez um botton verde com os dizeres: “Eu digo sim aos vinhos do Brasil”. Enquanto isso, algumas pessoas andavam com faixas negras no braço: “Sou contra a salvaguarda”, distribuída pela importadora Ravin.
O grande conhecedor de vinhos Luiz Horta deixou um desabafo em seu facebook:
“Antes de viajar preciso escrever algo que tem me incomodado na história das salvaguardas. Produtor de vinho brasileiro não é bandido, nem o vinho nacional é intragável. O que vi no Sul foram famílias, na sua quarta geração de colonos italianos que construíram cantinas e conseguiram, muitas vezes contra a vontade dos mais velhos, erradicar híbridas e plantar uvas finas, investir e fazer vinhos, primeiro bons, atualmente de nível médio e alto.
Sou contra aumento de preço de vinhos, quaisquer vinhos, e quem gosta de imposto é o governo e os que lucram com sua sombra. No Paladar de amanhã minha posição está esclarecida de modo bem claro.”
Aqui vão umas ideias, talvez infantis por não ser uma grande mestra do assunto.
- Auxiliar e dar infraestrutura para produtores e divulgar nos próprios produtores de vinícolas.
- Ajudar a valorizar o vinho sulista em grandes centros. Como fazer uma parceira com o Club dos Sommeliers do Grupo Pão de Açúcar, deixando lado a lado com vinhos franceses, italianos.
Ao que tudo indica as Salvaguardas vigorarão em Junho. Estão livres dos impostos apenas os vinhos de Argentina e Uruguai, pois fazem parte do Mercosul. Enquanto isso as vinícolas Gaúchas serão malvistas em vez de conseguirmos o contrário. E quem gosta de vinho mesmo continuará comprando seus vinhos importados.
Um comentário:
Talvez a solução seja mais simples: diminuir os impostos dos nacionais.
54% é um absurdo, e ainda tem todos os impostos e taxas e contribuições sob contribuições que existem em todos os produtos do Brasil.
* O governo auxiliar a infra-estrutura das vinículas é um caminho, mas, com impostos bem mais baixos, seria tão fácil investir que nem seria preciso auxílio oficial.
* A parceiria com as grandes redes é uma boa, os sindicatos e associações poderiam realmente investir nisso..
Muito bom o texto, Danusa \o
Postar um comentário